No dia 05 de Julho, a Arábia Saudita anunciou um gigantesco pacote de investimento para a transformação de Riade nos próximos dez anos num centro económico, cultural e social. O valor do pacote atinge 800 mil milhões $US. Este investimento, visa, por um lado, estimular a economia, depois da desaceleração acentuada da economia na sequência do COVID-19. Por outro lado, este investimento, que só pode ser chamado de considerável, mesmo para os padrões da Arábia Saudita, insere-se numa tentativa de reduzir a sua dependência do petróleo. O projecto faz parte do programa “Saudi Vision 2030” (“Visão Saudita 2030”), que visa a diversificação da economia saudita, retirando o foco da economia do petróleo para outras áreas. O foco do projecto na capital Riade, faz algum sentido, já que a economia de Riade representa a 18ª economia urbana a nível mundial e é responsável por metade das receitas não-petrolíferas na Arábia Saudita. Tratando-se do Reino da Arábia Saudita, o âmbito e os números do projecto são impressionantes. O projecto consiste, de acordo com Fahd Al Rasheed, presidente da Comissão Real da Cidade de Riade, em dezoito mega sub-projectos, que serão implementados por toda a cidade. O governo visa uma duplicação da economia e da população de Riade para quinze milhões de habitantes nos próximos dez anos. O projecto foca-se na sustentabilidade, com ênfase na conservação de energia, redução de emissões, com uma economia circular de baixa emissão de carbono, e gestão de águas. Outro projecto de grande envergadura, será a criação de uma “Mega Zona Industrial”, cujo foco vão ser tecnologias avançadas, tais como energias renováveis, automação, biotecnologia e aquaponia. Outro foco do projecto, é a criação duma industria de turismo e de serviços financeiros. Al Rasheed sublinhou que não se trata aqui de um plano futuro, tendo já arrancado na capital dezoito projectos individuais, com um valor total estimado superior a 250 mil milhões $US. Como exemplo, o presidente da Comissão Real da Cidade de Riade, mencionou o projecto “Riade Verde”, que visa “a utilização de água reciclada para a plantação de mais de sete milhões de árvores pela nossa cidade fora, uma árvore por cada habitante”, acrescentando que o projecto transformará a cidade de Riade “numa das cidades mais verdes do mundo”. Igualmente, segundo planos da Qiddiya Investement Company, empresa saudita apoiada pelo fundo soberano do reino, irão ser adjudicados pelo menos 10 mil milhões de SAR (2.67 mil milhões $US) em contratos a diferentes empresas, para acelerar a construção de um mega projecto de entretenimento e desporto na capital Riade. O projecto, igualmente integrado no programa “Saudi Vision 2030”, está sendo desenvolvido numa área de 334 km², perto da capital Riade e irá incluir o parque temático americano Six Flags, que terá mais de 300 instalações recreativas e educacionais. Imagem de Wolfgang Inderwies da Pixabay Mas o projecto não é só ambicioso na área tecnológica e económica, o plano prevê a transformação de Riade numa espécie de centro cultural da região, trazendo mais de mil peças de arte para as ruas e bairros de Riade. O turismo é uma apostas fortes do Reino, que planeia aumentar a receita proveniente de actividades nesta área para 10% do GDP até 2030 e criar mais de um milhão de postos de trabalho. Neste momento, o turismo na Arábia Saudita é responsável somente por três porcento do GDP daquele país, tratando-se quase exclusivamente de turismo religioso. No seguimento dessa aposta forte no turismo, o país criou um fundo de quatro mil milhões $US. No entanto, existe algum cepticismo quanto à capacidade da Arábia Saudita em avançar com os seus planos, pois não só terão que superar e integrar as forças ultra-conservadoras que se opõe fortemente a uma industria secular de turismo e à abertura do país, particularmente para o ocidente, como a crise originada pelo COVID-19, irá por em causa muitos dos projectos incluídos no programa “Saudi Vision 2030”, ou pelo menos atrasar a sua realização. Este ano, o défice orçamental do Reino irá ascender a 56.2 mil milhões de $US, o que corresponde a um défice de 26.7% do orçamento do estado. Os próximos anos não se prevêm diferentes e a realização deste programa ambicioso para a redução da dependência do petróleo como fonte de receita principal, irá depender da capacidade de refinanciamento do estado, do desenvolvimento do fundo soberano e das receitas do...petróleo. Não obstante, existem, mais uma vez boas oportunidades de negócio para empresas portuguesas que queiram apostar neste mercado de proporções gigantes. ©2020 CSINCONSULT - Todos os direitos reservados
0 Comentários
Seu comentário será publicado após ser aprovado.
Enviar uma resposta. |
Este Blog, mostra o seu conteúdo, em ordem cronológica reversa (post mais recente, em primeiro lugar)
Por favor, confira os Termos e Condições de Utilização deste Blog.
AutorQuarenta anos de profissão, centenas de projectos e equipamentos, gestão técnica e empresarial, doze anos de Médio Oriente e uma vasta rede de contactos, tudo para partilhar e ao seu serviço. Histórico
Dezembro 2020
Categorias
Todos
![]() Active Search Results, independent Internet Search Engine
|