Continuando na nossa análise contínua da economia do Médio Oriente, vamos analisar o impacto do COVID-19 sobre a mesma. A crise de saúde, que parou a economia mundial, não deixou imune o Médio Oriente. Na verdade, a economia do Médio Oriente, foi e está a ser atingida severamente por esta crise. A crise não só está a afectar países do Oriente Médio, que já sofrem com instabilidade política e económica, como o Líbano, Síria, Iraque, Iemenita, Irão, ou o Egipto, mas também os pesos pesados do Golfo. Países, até agora vistos como uma fonte de riqueza inesgotável. Os analistas prevêem uma crise sem precedentes nos últimos quarenta anos, apontando que a crise económica que se adivinha, vai obrigar esses países a repensarem a sua economia, pois nada será como dantes. Tendo a crise afectado o preço e volume de vendas do "commodity" principal, o petróleo, do qual estes países estão quase inteiramente dependentes, essa crise vai afectar as economias do GCC/CCG duplamente, pois não só não conseguem vender o seu petróleo, como também não é possível parar a extracção e fechar as refinarias, pelo que os armazéns e centenas e petroleiros estão cheios, tendo o produto armazenado que ter que ser escoado primeiro, antes dos preços poderem subir. Só para se ter uma ideia em como a situação afecta esses países, basta ter em conta que há países da península árabe, cujo orçamento anual é coberto em 94% pelas vendas de petróleo e onde 84% de todas as obras e projectos são públicos e não privados. Mas isso é só uma parte do problema, por exemplo, o Iraque, já devastado por várias guerras, com problemas políticos crónicos e em fase de recuperação, foi atingido também de outra forma, como, por exemplo, os peregrinos "Xiitas" iranianos, que vêm aos santuários no Iraque e que são de extrema importância para várias regiões, que dependem quase a 100% desses peregrinos, estão impedidos de viajar e cidades como Najaf, não só têm que lidar com o COVID-19, como têm ao mesmo tempo de lidar com uma pesada crise económica. Para sobreviver à crise, os países do Golfo vão ter que repensar todas as suas economias e não só diminuir a sua dependência do petróleo, como também rever as suas despesas, que incluem vastos subsídios e incentivos para os seus cidadãos, que em alguns casos não precisam mesmo de trabalhar e podem viver desses subsídios. Vão ter que repensar muitos dos mega-projectos planeados e mesmo alguns já adjudicados ou mesmo em curso. Também vão ter que reduzir a sua dependência de mão de obra externa e alguns países dessa área vão ter que rever as suas políticas externas caras, que envolvem o apoio a conflitos armados e a compra de influência no Médio Oriente e no mundo. Essa crise já está a afectar as economias do Médio Oriente de forma severa e os mais vulneráveis, os trabalhadores estrangeiros provenientes dos países asiáticos, estão a sofrer os seus efeitos de forma terrível, com falta de pagamento de salários, que, em alguns casos em alguns países, já vai em três salários, assim como cortes salariais de 50% e mais. Ou efeito da crise, são os muitos projectos parados e outros com o inicio atrasado. Ainda nenhum dos vários milhares de projectos em fase de concurso, adjudicado ou em curso foi cancelado até agora, mas conta-se que isso, mais tarde ou mais cedo, vá acontecer em larga escala. Infelizmente, a crise irá também afectar os vários programas em curso para a diversificação da economia, como, por exemplo, na Arábia Saudita, que comportam custos gigantescos para a economia. Na verdade, a crise poderá requerer a paragem desses programas, apesar do contra-senso que isso significa. A crise adivinha-se severa e muito longa para os países do Médio Oriente. Por outro lado, a crise e os seus efeitos para a economia árabe, dependerá muito do desenvolvimento do consumo e preço do petróleo, das reacções dos governos e também de ajuda e créditos internacionais, de forma que, neste momento, é difícil fazer qualquer previsão. O que vai com certeza acontecer, é que a crise tem o potencial para abrir novas oportunidades para empresas portuguesas que oferecem uma excelente relação qualidade preço. Essas oportunidades, em conjunto com as exigências dos clientes árabes para produtos mais competitivos, vão aumentar a competitividade das empresas portuguesas naquele mercado, facilitando a competição com os “tubarões”, como a Alemanha. A continuar... ©2020 CSINCONSULT - Todos os direitos reservados. Confira também o artigo COVID-19 e as previsões para o mercado de bens de investimento no Médio Oriente, de 11.05.2020 Para ler todas as análises de mercado, clique em Análise de Mercado, no lado direito, no menu Categorias.
1 Comment
Mimir
6/13/2020 17:24:46
Bastante interessante. Mantenha o bom trabalho
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AutorQuarenta anos de profissão, centenas de projectos e equipamentos, gestão técnica e empresarial, doze anos de Médio Oriente e uma vasta rede de contactos, tudo para partilhar e ao seu serviço. Histórico
December 2020
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