A religião, maioritariamente o Islão, está fortemente interligada com o individuo, e o seu dia-a-dia, e com a cultura, os costumes e tradições do país que está a visitar. Sendo assim, a religião afecta igualmente a condução de negócios e as decisões. Por isso esteja preparado para interrupções de reuniões de negócios para oração e a sexta feira ser um dia de descanso e o domingo um dia de trabalho normal. Durante o mês de Ramadão, deve-se abster de comer, beber, fumar, ou sequer mastigar uma pastilha elástica em público, apesar de muitos árabes lhe oferecerem de beber e comer durante esse tempo, seja respeitoso, agradeça e recuse. Isso irá fazer amigos entre os seus anfitriões. Esteja também preparado para os horários mudarem durante o mês do Ramadão, as reuniões costumam ser ao fim da tarde e por vezes mesmo à noite, já tive reuniões à meia noite e até mais tarde. Tenha em atenção que durante o mês de Ramadão, o horário de trabalho é reduzido, estando limitado, por lei, normalmente a seis horas por dia. Mas não é só o dia de trabalho mais curto que pode ser um problema, o verdadeiro problema é a produtividade, que é substancialmente mais baixa. Isso é importante, quando tem projectos durante o Ramadão. Se possível, não deixe projectos começar durante o mês santo de Ramadão. Quem é ateu, aconselho a não divulgar essa informação. Contrariamente à impressão que muitos ocidentais possam ter, árabes não têm problema com o seu oposto seguir uma religião diferente, particularmente quando essa é a religião cristã, mas têm dificuldades em entender sequer o conceito do ateísmo. Não critique o Islão, não critique o profeta e a sua família ou os seus sucessores (Abu Bakr, por exemplo) e não critique Jesus Cristo, pois ele está em terceiro lugar na hierarquia dos profetas islâmicos. No entanto, qualquer muçulmano, fica feliz se o seu parceiro de negócios mostrar interesse genuíno pelo Islão. Dessa forma, pode, por exemplo, perguntar como é que eles festejam o Ramadão, quando é que quebram o jejum, quem é que sucedeu ao profeta, etc. mas nunca teça comparações. Já agora, já deve ter reparado nos periódicos árabes em língua inglesa, que quando o Profeta ou Jesus Cristo são mencionados, os nomes ou a palavra profeta é seguida por um “PBUH” em parênteses, isso é o acrónimo para “Peace Be Upon Him” (que a paz esteja com ele). Curiosamente acontece o mesmo quando um muçulmano referencia o profeta ou Jesus Cristo numa conversa, ele irá sempre acrescentar “que a paz esteja com ele” em árabe e por vezes em inglês. É importante ter em conta que nem todos os árabes são muçulmanos, existem também árabes que pertencem a uma minoria cristã, que é igualmente conservadora e dentro da qual a religião assume um valor comparável ao Islão para o quotidiano dum muçulmano. Para os cristãos praticantes entre nós, com a excepção da Arábia saudita, todos os países pertencentes ao GCC/CCG (Gulf Colaboration Counsil/Conselho de Colaboração do Golfo) dão liberdade de praticar a sua religião e existem igrejas (católicas, protestantes ortodoxas russas, gregas e sirias, e igrejas coptas) para quem quer assistir a uma missa. Se sentir necessidade de ir à missa e isso interferir com a agenda de reuniões, pode até informar o seu anfitrião e ele tentará tudo para facilitar a sua presença na missa. Sim, os árabes são muito tolerantes nessa área. Eu gostaria de regressar à influência da religião na tomada de decisões. Essa influência não é algo desconhecido de nós, apesar disso poder soar estranho, mas ela refere-se aos valores subjacentes à condução de negócios, tal como seriedade e honestidade nos negócios e na vida. Também, quando se trata dos valores que ambas as religiões transmitem aos seus fieis, esses não são diferentes de um dos outros. Daí chegamos a um facto que raramente é mencionado, o facto dos valores humanos e sociais fundamentais dos árabes, não serem diferentes dos nossos. Tal como nós, gostamos de pessoas sérias, honestas, educadas e respeitosas, tanto no dia-a-dia, como nos negócios, também os árabes gostam. A consciência deste facto, reduz conflitos e facilita a vida entre as pessoas. Questões culturais à parte, não se esqueça, que os acontecimentos e sentimentos que comandam a vida dos árabes no dia-a-dia, são os mesmos que comandam a nossa vida, tal como nós, eles preocupam-se com os filhos, a sua educação, bem estar e saúde, têm contas a pagar, têm que trabalhar (sim, contrariamente ao que muitas pessoas pensam, a maioria não é rica), apaixonam-se, discutem, brigam, fecham amizades, vão para a escola, casam, divorciam-se, nascem, morrem, sentem-se felizes ou tristes. Nunca se esqueça disso. ©2020 CSINCONSULT - Todos os direitos reservados
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AutorQuarenta anos de profissão, centenas de projectos e equipamentos, gestão técnica e empresarial, doze anos de Médio Oriente e uma vasta rede de contactos, tudo para partilhar e ao seu serviço. Histórico
Dezembro 2020
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